Século V a.C - GRÉCIA
Iniciada no uso do fogo como instrumento para enfrentar a escuridão da noite, a utilização de fontes artificiais de iluminação é por si só uma linha de pesquisa sobre o percurso tecnológico da cultura humana e suas formas de moradia, trabalho e socialização; um fenômeno determinante para a construção da condição humana sobre a terra. Para o âmbito do trabalho com iluminação cênica temos de percorrer os caminhos desta ao passar para dentro de espaços especialmente construídos para a apresentação de espetáculos ao vivo. Na Grécia antiga, século V a.C. o sol em suas diversas manifestações de cor e angulação era a iluminação do palco das tragédias e comédias apresentadas em seus teatros como este em Epidauro.
TEATRO DE EPIDAURO
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Dario Fo em Manual Mínimo do Ator descreve que, no antigo teatro grego, o espectador:
"sentava-se ao longo de uma arquibancada muito íngreme, que atingia a altura equivalente à galeria de um teatro contemporâneo. O plano cênico apresenta uma forma circular, com um diâmetro um pouco maior que um proscênio de hoje, doze metros aproximadamente. A partir desse plano cênico, a rampa da escadaria subia quase que perpendicularmente. Os espectadores, portanto, viam os atores de cima para baixo, ou seja, obliqüamente. As costas dos atores eram alargadas ao máximo para o aproveitamento integral desse efeito.” Sobre o Teatro de Epidauro afirma: “Realmente, ficamos atordoados ao nos deparar com sua declividade. A escadaria é tão íngreme que nos causa vertigens. Se por acaso tropeçar, corremos o risco de rolar sem interrupção até o fundo.” |
Aristóteles em seu tratado sobre a tragédia grega “Poética” descreve o que ele denominou OPSIS, que era o espetáculo executado a partir do texto poético. Para o filósofo o Opsis “acrescenta à tragédia os prazeres que lhe são próprios.” Ou seja, a tragédia era o texto declamado, mas em conjunto com este havia toda a construção da apresentação ao vivo que reunia flautistas, tocadores de tambor, dançarinos, cenários, efeitos sonoros, iluminação, além dos declamadores de texto representando personagens construídos com máscaras, figurinos e coturnos.
E não devemos esquecer que os antecedentes deste espetáculo feito nas grandes cidades Atenas, Delfos, Epidauro eram as metamorfoses de um ritual religioso dedicado a Dioniso, deus do vinho, da fertilidade e do transe sagrado, nas festividades camponesas desta região da Europa. Dioniso é o mito fundador do teatro. Naquelas encenações havia Tímele, com o fogo aceso dedicado a Dioniso, em local de destaque na orchestra permanentemente espalhando a fumaça sobre a cena.
E não devemos esquecer que os antecedentes deste espetáculo feito nas grandes cidades Atenas, Delfos, Epidauro eram as metamorfoses de um ritual religioso dedicado a Dioniso, deus do vinho, da fertilidade e do transe sagrado, nas festividades camponesas desta região da Europa. Dioniso é o mito fundador do teatro. Naquelas encenações havia Tímele, com o fogo aceso dedicado a Dioniso, em local de destaque na orchestra permanentemente espalhando a fumaça sobre a cena.
Dario Fo no citado livro continua sua descrição sobre o tipo de encenação na antiguidade grega:
“ (...) havia uma projeção da sombra obtida por meio de grandes espelhos, causando uma ilusão de maior grandeza dos personagens. A palavra “Refletor” (anaclátoras em grego) parece ter sua origem nesse sistema: “aparelhos refletores de luz”. De fato, sobre grandes discos de madeira – escudos gigantes - colavam-se lâminas de mica reflexiva. Os espelhos eram móveis, permitindo o acompanhamento do sol, a captura de seus raios e a projeção sobre o espaço cênico. O palco conservava-se na sombra, de modo que a luz indireta era percebida como se fosse um moderno canhão seguidor ( follow spot).” (...) Ao contrário do que se imagina, os espetáculos eram montados durante o inverno, já no meio da tarde o palco estava completamente imerso na sombra. Porém, por meio dos espelhos refletores conseguia-se projetar a luz exatamente sobre os atores, em uma diagonal preestabelecida. Podia-se também refletir o feixe de luz em duas etapas: um espelho colocado na encosta da colina captura os raios solares e projetava-os sobre outro espelho localizado em um plano inferior, que por sua vez, lançava a luz praticamente rente ao palco. O resultado obtido era notável, intensificando o efeito da obliqüidade. De fato, ao se estender a sombra projetada por um objeto, temos a impressão de que ele tornou-se mais alto. Portanto, iluminando os atores desse modo, devido ao alongamento da sombra garantia-se o efeito do agigantamento.” Pg.256
Dessa descrição de Dario Fo podemos constatar nestas encenações o uso consciente e direcionado da luz natural através dos escudos refletores, o que demonstra o alto grau de sofisticação técnica destes espetáculos e vemos a consolidação de dois pilares da técnica da iluminação na arte cênica ocidental:
1) Manipulação consciente da relação luz/sombra/corpo humano;
2) Direcionamento do feixe de luz por meio de equipamentos refletores. Conceitos que se transformaram em vários instrumentos manipulados por técnicos e artistas cênicos ao longo de milênios da arte de construir iluminação para espetáculos.
“ (...) havia uma projeção da sombra obtida por meio de grandes espelhos, causando uma ilusão de maior grandeza dos personagens. A palavra “Refletor” (anaclátoras em grego) parece ter sua origem nesse sistema: “aparelhos refletores de luz”. De fato, sobre grandes discos de madeira – escudos gigantes - colavam-se lâminas de mica reflexiva. Os espelhos eram móveis, permitindo o acompanhamento do sol, a captura de seus raios e a projeção sobre o espaço cênico. O palco conservava-se na sombra, de modo que a luz indireta era percebida como se fosse um moderno canhão seguidor ( follow spot).” (...) Ao contrário do que se imagina, os espetáculos eram montados durante o inverno, já no meio da tarde o palco estava completamente imerso na sombra. Porém, por meio dos espelhos refletores conseguia-se projetar a luz exatamente sobre os atores, em uma diagonal preestabelecida. Podia-se também refletir o feixe de luz em duas etapas: um espelho colocado na encosta da colina captura os raios solares e projetava-os sobre outro espelho localizado em um plano inferior, que por sua vez, lançava a luz praticamente rente ao palco. O resultado obtido era notável, intensificando o efeito da obliqüidade. De fato, ao se estender a sombra projetada por um objeto, temos a impressão de que ele tornou-se mais alto. Portanto, iluminando os atores desse modo, devido ao alongamento da sombra garantia-se o efeito do agigantamento.” Pg.256
Dessa descrição de Dario Fo podemos constatar nestas encenações o uso consciente e direcionado da luz natural através dos escudos refletores, o que demonstra o alto grau de sofisticação técnica destes espetáculos e vemos a consolidação de dois pilares da técnica da iluminação na arte cênica ocidental:
1) Manipulação consciente da relação luz/sombra/corpo humano;
2) Direcionamento do feixe de luz por meio de equipamentos refletores. Conceitos que se transformaram em vários instrumentos manipulados por técnicos e artistas cênicos ao longo de milênios da arte de construir iluminação para espetáculos.